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Melhor do que decidir o que dizer é saber o que o eleitor quer ouvir
Em torno de 90% dos casos, as campanhas estão muito mais preocupadas em decidir o que vão dizer aos eleitores (e como vão dizer), do que em saber o que eles estão interessados em ouvir. O mesmo vale para a eleição. Esta, quando despojada de seus elementos acessórios e circunstanciais, se resume a:
O candidato precisa comunicar sua mensagem aos eleitores alvo
Transmitir a mensagem certa aos eleitores potenciais
Não há muito mais que você possa fazer na campanha eleitoral. O que lhe compete fazer é persuadir o eleitor que a sua candidatura, os seus projetos, e a sua liderança, é o que ele está precisando naquela eleição. Você só conseguirá o voto dele convencendo-o, persuadindo-o disso. Não há outra forma.
Logo, transmitir a mensagem certa significa comunicar aquela que vai ao encontro do que o eleitor mais deseja e espera do resultado daquela eleição. Em outras palavras, você, ao assim agir, estará falando aquilo que eles entendem e que estão interessados em ouvir.
Resta dirigir esta mensagem aos eleitores alvo, isto é, aqueles que já decidiram votar em você (os certos), e os que poderão vir a votar em você (os potenciais), e que formam um bloco de eleitores que é quantitativamente suficiente para elegê-lo. Há, contudo, umas regras que precisam ser obedecidas, para que este objetivo se realize.
Na realidade, todas podem ser resumidas numa só: Você precisa saber antes, com o máximo de detalhe e precisão, o que o eleitor espera, deseja, prioriza, para aquela eleição.
Sem essa informação, recolhida com o máximo de precisão, você se encontra naquela situação referida no título desta coluna: tentando aterrissar seu avião à noite, numa pista sem iluminação. Em outras palavras, você não tem como saber se estará aterrissando na pista ou fora dela!
Para que o objetivo de "pousar bem o avião" seja atendido, é necessário atender alguns pré-requisitos:
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Adquirir conhecimentos confiáveis sobre o eleitor, como se informa, suas prioridades, circunstâncias de vida e tendências políticas;
Segmentar o eleitorado em blocos homogêneos de eleitores em função de variáveis politicamente relevantes, com suas respectivas e diferenciadas prioridades
Definir as formas de comunicação: de alta e de baixa intensidade, em função do tamanho do eleitorado, do tempo disponível e do perfil dos segmentos
Formatar a mensagem de forma a ser entendida, retida na memória, identificada com a candidatura, e aprovada pelo eleitor, na comparação com as outras;
Ajustar a imagem do candidato à mensagem e à expectativa do eleitor.
A comunicação política, no período eleitoral, deve levar em conta a especial situação do eleitor real
Estes procedimentos prévios, e outros mais, são necessários porque comunicação política, no período eleitoral, deve levar em conta a especial situação do eleitor real. Este eleitor, ao contrário dos modelos utópicos de cidadania, é um indivíduo com baixo envolvimento político, baixo conhecimento, interesse, e informação.
Resumidamente, trata-se de um cidadão comum, mais interessado e envolvido com as circunstâncias que cercam a sua existência, do que com as grandes questões da política. Ele é:
Eleitor de baixa informação sobre política;
Eleitor com baixa disposição para buscar informação;
Eleitor com tempo reduzido para se informar sobre política;
Eleitor que, em conseqüência, tem pouco interesse nos assuntos políticos;
Eleitor que não costuma integrar associações políticos, como partidos;
Eleitor que, excluída sua participação na eleição, em razão do voto obrigatório, tem muito baixa participação política;
Eleitor que, como decorrência, carece de um quadro conceitual lógico e sistemático, com o qual interpretar os fatos políticos, e organizar as informações a que tem acesso;
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Eleitor que, durante as campanhas eleitorais fica sujeito a um "bombardeio" de informações, sobre fatos, números, propostas, declarações, pesquisas, etc.;
Eleitor sujeito a "pressões cruzadas" de pessoas que lhe são próximas, que competem pelo seu voto.
Este é o eleitor real, o que vota no dia das eleições. Mas não é para esse eleitor que a imensa maioria dos candidatos dirige a sua mensagem. Não é para eles que a campanha costuma ser concebida e produzida. O ato caracterizado de "pousar no escuro" significa, que o candidato vocacionado para a derrota, ignora este eleitor, o subestima, pressupõe que sabe o que ele quer, o que ele sente, e dispensa esforços metódicos e sistemáticos para conhecê-lo.
Pousar no escuro significa que candidato decide ignorar os desejos do eleitor real
Nestes casos, é para um cidadão abstrato e basicamente indiferenciado, que a sua comunicação será produzida e realizada. O resultado não pode ser outro: o choque de percepções que derrota o candidato que assim procede.
É um diálogo de cegos: o eleitor busca infrutiferamente um candidato que autenticamente se identifique com seus sentimentos e necessidades, enquanto que o candidato dirige-se a um eleitor abstrato, genérico e indiferenciado.
Pousar no escuro é ignorar o eleitor real, aquele cujas características políticas listamos acima. Você não tem o poder de mudar aqueles parâmetros, logo, deve levá-los em conta para conseguir fazer com que sua mensagem chegue a ele e seja por ele compreendida.
Desnecessário dizer que isso torna a campanha muito mais difícil de equacionar politicamente. Demanda pesquisa, análise, debate, testes, muita criatividade, muita sensibilidade e, pré-requisito de tudo isso, muita humildade.
A maioria dos candidatos não se dispõe a esse trabalho. Prefere produzir uma mensagem genérica, para depois ajustá-la às diferentes situações que a campanha apresente
CONTINUAÇAO
Saiba, pois que, se você decidir trabalhar mais, e "fazer o pouso por instrumentos" muito provavelmente "aterrissará na pista", porque seus adversários provavelmente estarão praticando "o pouso no escuro".
ABRAÇOS E BEUJOS DO DOIDO
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